Tal fascínio tem se mostrado em manifestações universais na literatura oral em contos e cantos pedagógicos de “fazer medo” como dispositivo de amedrontamento e correção. Daí bicho-papão, cuca, papa-figo, velho do saco, lobisomem e outras entidades que põe limites às “perigosas” incursões infantis a beira de precipícios.
O medo também serve para garantir a unidade dos grupos sociais fortalecidos em unidade por temores reais e outros nem tanto.
Não há tempo ou civilização em que o medo não esteja presente. Está nas canções de ninar deixando aos bebês a opção única de fugir do medo adormecendo, nos contos ouvidos com olhos arregalados e cabelos em pé sob as noites escuras de um Brasil interiorano a cada dia mais desperto e empobrecido em sua oralidade e cancioneiro populares.
Mas deixemos aos textos escritos que pretendemos as teorizações! Por enquanto ficam pérolas de personagens fantásticos do imaginário brasileiros que, mesmo universais um dia, nos chegaram e dele nos apropriamos fazendo-os nossos, objetos de pavor e de gozo.
Há até um ciclo, nos estudos da nossa cultura, que se denomina “ciclo dos pacpres infantis que a noite traz”.
Já era plano nosso a exibição de uma série que veiculasse os monstros e assombrações brasileiros. Agora ousamos fazê-la e, regularmente, traremos personagens consagrados pelo nosso rico imaginário popular.
O primeiro “monstro” de nossa série é a Cuca, trazido pelos colonizadores. Bem antes de emissora hegemônica de televisão apresentar a série Sítio do Pica-pau Amarelo, ela já assombrava as crianças no sertão.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.