Assombrações e visagens entre nós têm a idade do mundo. Desde sempre o homem desconcertado diante do que há de sobrenatural e desconhecido na morte atribui ao morto poderes como o de aparições e contatos.
Trazem avisos, pedem missa, sinalizam perigos.
Do Rio Grande do Norte trago lembranças de histórias contadas pela velha Ismênia, por babás vindas de um interior assombrado por choros de meninos enterrados pagãos a pedir batismo.
Uma amigo padre me contou de aparição suplicante que lhe pagasse uma dívida deixada no mundo.
De Pernambuco a minha bisa contava de carros rangendo a almas penadas, negros que levavam os gemidos dos açoites para outra vida é nos faziam lembrar pedindo salvação.
Encontro semelhanças entre as culturas negra e ameríndia no temor aos mortos. Não menos entre estas e a europeia, levando-me a crer na universalidade da matéria.
Trago aqui, do interior também encantado, místico e mítico da Bahia, ilustrações de um imaginário popular ainda bem vivo.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.