O pedreiro Ariomar Ferreira Brito, o Mazinho, aprendeu com o cunhado, a fazer os fogões a lenha que caíram no gosto da população de Água Preta, distrito de Encruzilhada, no sudoeste baiano.
Foi Dema quem primeiro conheceu as vantagens do “fogão econômico” há 20 anos e levou a novidade para sua terra natal. Ele aperfeiçoou os equipamentos até criar o modelo redondo que ocupa menos espaço na cozinha.
Os fogões fizeram tanto sucesso, segundo Mazinho, que Dema o incentivou a fazer o equipamento, pois estava ficando sem tempo para cuidar da propriedade e dos animais que criava na localidade do Alagadiço.
“No início apanhei um pouco, estava meio perdido” – confessa o então aprendiz.
Com dez anos de experiência, Mazinho conta que em três dias constrói o equipamento com cimento, tijolos, barro, areia, terra, forno, chapa de ferro e cantoneiras. Ele ressalta que os fornos feitos com tonel precisam ser trocados a cada dois anos, se for bem cuidado. Caso contrário, eles levaram alguns meses para furar.
O construtor cobra R$ 350 por equipamento, sem contar o material utilizado. A vida útil do equipamento é de cerca de duas décadas.
“O segredo para a fumaça não se espalhar pela casa é abrir uma passagem de 15cmx15cm abaixo do forno que conduzirá o produto resultante da combustão para a chaminé externa”, explica.
Antigamente, sem este recurso, ficar na cozinha era um suplício: a fumaça entrava pelo nariz e garganta, provocando lágrimas e ardência na garganta e nos olhos, além da fuligem deixar as paredes da casa escuras.
Mazinho admite que a passagem da fumaça tem que ser bem-feita. Se houver vazamento, o fogão terá que ser desmanchado e construído.
Hoje, praticamente, não há fogão apenas de alvenaria na comunidade. A colocação de pisos e pastilhas impedem que o cimento rache com a quentura.
A agente de saúde Juanita Ferreira Brito, 49 anos, optou pelas pastilhas. Ela também construiu um outro forno, mais potente, onde prepara pães e biscoitos que vende na feira de Encruzilhada aos sábados.
Já Ivanda Meira Barros, também agente de saúde de Catingal, no município de Manoel Vitorino (BA), a 213 km de Encruzilhada, ressalta o fato que é possível cozinhar, assar e esquentar água – há um compartimento específico para isto – ao mesmo tempo no fogão, economizando lenha.
Foi a “tucuruba”, buraco aberto no chão pelos indígenas, protegido por pedras, que deu origem a este tipo de fogão.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.
Respostas de 3
A exposição de fogões a lenha traz uma vontade de (fugere urbem e carpe diem) . Essa sensação bucólica que todos nordestinos têm, principalmente os que vivem no sudeste do pais, aumenta ainda mais com essa exposição, foi de grande relevância. Parabéns Meus Sertões!
Oi gostaria muito de fazer um fogão desses em casa tem o passo a passo?
Nossa sugestão é que você contrate um profissional para construir o fogão. Obrigado pelo contato.