A comunidade quilombola de Campo Grande, em Santa Teresinha (BA), foi reconhecida em 2007. Pelo menos duas construções se destacam na localidade.
A Casa de Telhas, onde segundo os moradores haveria até hoje uma senzala e instrumentos para castigar os escravos é uma delas. Anos depois do fim da escravidão, de acordo com o livro “Conversa de Quilombo”, publicado em 2012, consta que ali eram ministradas aulas por professores (as) que vinham de Salvador e outras cidades. Uma delas teria sido dona Claudina, mãe do cantor Gilberto Gil.
Os pesquisadores do livro, produzido pelo governo estadual, reclamam dos atuais donos, que impediram pesquisas no local. No entanto, Meus Sertões conseguiu conversar com João Aragão, que se apresentou como agricultor. Ele contou que adquiriu a propriedade, conhecida como Fazenda das Telhas, em 1967, quando a maioria das residências do local ainda eram cobertas por palha.
João diz que quando adquiriu o imóvel de seis cômodos, não havia mais nada que o vinculasse ao tempo da escravatura. Ele acrescentou que não pensa em se desfazer da casa. Foi gentil na conversa, mas não permitiu entrar no imóvel.
A outra casa pertenceu a senhora Dionísia Carolina, que morreu há 24 anos no local, após passar seis anos de cama por causa de um acidente vascular cerebral. Dona Dionísia era bisneta de escravos, se casou com um fazendeiro e deixou 18 filhos e 75 netos.
Cristiana dos Santos Sousa, vice-presidente da Associação Comunitária Rural dos Remanescentes de Quilombo morou na casa, que hoje está fechada.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.