Atirador de Barreiras anunciou intenção de matar no Twitter

O adolescente de 14 anos que matou a estudante cadeirante no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, é filho de policial e morava em Brasília, antes de se mudar para Barreiras, no oeste baiano. A polícia informou que o atirador utilizou o Twitter para anunciar que cometeria o crime, a princípio massacrando dez pessoas. O perfil do assassino foi retirado das redes sociais, mas algumas mensagens foram recuperadas.

A gestão da escola é compartilhada entre a Polícia Militar da Bahia e a Secretaria Municipal de Educação. O programa foi criado pelo governador Rui Costa (PT), em 2018, e adotado em Barreiras, no ano seguinte, a pretexto de proteger os alunos de áreas conflagradas e as comunidades ao redor.

O atirador se identificada como um “ser iluminado”, que descarregaria sua ira, segundo manifesto de 29 páginas, publicado três dias antes do crime. Na declaração, ele deixa evidente ter desprezo pela vida humana:

“Eu vivi com meu pai na maior parte da minha vida, pois meus pais eram separados. Desde pequeno sentia-me superior aos demais, alimentava nojo e ódio de grupos do meu convívio, simplesmente não aceitava estar no mesmo lugar que eles, sentia que merecia mais, ou eles mereciam menos, o que importava era estar por cima”.

Nos tuítes do adolescente, ele fala do ódio à escola, onde passou a estudar quando se mudou para Barreiras:

“A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se misturar com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me tocam (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto”. Sancto é como extremistas se referem a indivíduos que realizam massacres, glorificando os assassinos como heróis

E continua:

“Saí da capital do Brasil para o merdeste, e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes acham que são dignos de me conhecer e de conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”.

O atirador pertence à comunidade True Crime Comunity, no qual usava, segundo o jornal O Globo, o número 88 para se identificar. A numeração equivale à saudação nazista ‘heil, Hitler”. O assassino também se assumia como incel (palavra originária da junção de “involuntary celibates”, jovens celibatários que propagam misoginia e racismo em comunidades virtuais, envolvidos em crimes nos EUA).

Pouco antes do ataque na escola, o atirador publicou uma mensagem deixando clara sua intenção:

“Irá acontecer daqui 4 horas e eu tô bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais”. Na sequência, ele, disse estar preparado para tudo. Pelas postagens, o estudante parecia acreditar que seria morto:

“E pensar que daqui a alguns dias estarei tendo meu rosto, olhos, pulmões e outras partes do corpo sendo devoradas por vermes”.

Adolescente fez postagens sobre armamento e munições. Reprodução

O atirador neonazista utilizou o revólver do próprio pai no crime. O dono da arma é subtenente da reserva da PM. O policial disse que escondia o revólver em um colchão e não sabe como o filho encontrou a arma. O adolescente também fez postagem sobre o armamento e munições no Twitter.

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(*) Reportagem atualizada às 12h15, do dia 27/09

Aluna assassinada em escola militarizada em Barreiras

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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