Paulo Oliveira (Meus Sertões) e Thomas Bauer (CPT-BA/H3000) –
A equipe Meus Sertões/CPT-BA entrou em contato com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), responsável pela obra do Baixio de Irecê; Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), órgão emitente de licenças de desmatamento e outorgas de água; e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), cuja função é proteger o meio ambiente e garantir o uso sustentável dos recursos naturais no Brasil, para saber o que pode ser feito para reduzir os ataques aos rebanhos dos pequenos criadores e ao mesmo tempo proteger as onças.
Questionários foram enviados para os três órgãos, mas somente a Codevasf respondeu. O Inema, presidido por Maria Amélia Mattos Lins, manteve a falta de transparência que caracteriza o órgão, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente da Bahia. As questões foram enviadas no dia 9 de junho deste ano, via e-mail, para a assessora de imprensa Samanta Uchôa. No dia seguinte, a servidora respondeu:
“A solicitação envolve três ou mais setores diferentes. Encaminharemos os questionamentos a cada setor responsável, retornaremos com as respostas assim que possível”.
Até hoje não houve respostas.

Já o Ibama, órgão federal presidido por Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça e assessoria de Daiane Cortes Cazarré, simplesmente ignorou a solicitação. No entanto, a qualquer momento que os dois órgãos ou os profissionais que os assessoram quiserem dar respostas às perguntas encaminhadas, A equipe Meus Sertões/CPT-BA os ouvirá e publicará suas versões.
Está é a única maneira de as assessorias cumprirem a ética profissional e fornecer informações verídicas e completas aos jornalistas, respeitando a autonomia editorial e evitando práticas antiéticas como pressão sobre a imprensa. Abaixo os questionários mandados para o Inema e o Ibama.
E-mail para o Inema
Assunto: Baixio de Irecê – Aos cuidados de Samanta
Boa noite, Samanta. Conversei contigo e fiquei de enviar umas perguntas relacionadas ao Baixio de Irecê. Conforme combinado, segue o questionário.
1- Quantos licenciamentos o Inema deu para o Baixio com relação à supressão de vegetação, captura de animais e outorga de água?
2- Qual o total de área desmatada?
3- Quantos e quais animais capturados?
4- Qual a liberação de uso de água para os pivôs e empreendimentos?
5 – No dia 25 de abril de 2004, durante visita de rotina, uma funcionária do Inema, Ana Carolina, resgatou um filhote de onça. Qual destino foi dado ao filhote? Onde ele está atualmente?
6 – Sobre a portaria N° 32.100 de 06 de novembro de 2024? Como anda a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento da região do empreendimento? Inclui a garantia e proteção dos animais dos criadores?
7 – O tamanho da Reserva Legal comporta quantas onças?
8 – Como fazer um controle de ataques de onças aos rebanhos caprino, ovino e equino de pequenos criadores, que vêm acumulando prejuízos desde o início da construção do Baixio, entre Xique-xique e Itaguaçu da Bahia.
9- Por fim, solicito acesso ao processo 046.0525.2022.0014547-89, referente ao histórico de vistorias feitas nesta região para podermos incluir os dados em nossa reportagem, levando em conta tratar-se de um processo público.

E-mail para o Ibama
À assessoria do Ibama
Meu nome é Paulo Oliveira. Estamos produzindo uma série sobre ataques de onças ao rebanho de pequenos criadores de animais em Itaguaçu da Bahia. Ouvimos 15 proprietários. Treze deles estimam prejuízos de R$ 279 mil na obra do Baixio de Irecê, entre Xique-xique e Itaguaçu da Bahia, nos últimos três anos. O empreendimento é capitaneado pela Codevasf.
Os criadores estão cientes de que não podem, nem devem matar as onças, mas não conseguem ser ouvidos pela Codevasf. Diante disso, encaminhamos o questionário abaixo para o Ibama:
1 – Existe alguma fiscalização para que as onças, cujo habitat foi desmatado, não sofram com isso?
2- A Codevasf está sujeita a alguma punição ou medida para mitigar o problema?
3- O que pode ser feito para que cessem os prejuízos dos trabalhadores rurais?
4- Existe algum Plano Diretor de Desenvolvimento da região do empreendimento? Ele inclui a garantia e proteção dos animais dos criadores?
5 – Não seria o caso de haver uma Reserva Legal para acolher as onças?
6 – Como fazer um controle de ataques de onças aos rebanhos caprino, ovino e equino de pequenos criadores, que vêm acumulando prejuízos desde o início da construção do Baixio?
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Leia a série completa
A porteira está fechando Criadores estimam prejuízos As órfãs de Vermelhinha Isso é onça! Codevasf nega, mas vídeos mostram onças no Baixio
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.