Jovita Gonçalves da Cruz espera ter a mesma longevidade de seus pais. A mãe viveu até os 99 anos e o pai morreu aos 88. Ela diz que tem saúde de ferro, só toma remédios quando fica resfriada. A única reclamação que faz é das vistas, que ficaram embaçadas para perto.
Segundo a agricultora, o segredo para viver muito e bem está na dieta do sertão, pois as pessoas acabam ficando resistentes como a vegetação da caatinga. Jovita lembra que, quando criança, comia maracujá selvagem verde, cortado miudinho e frito com farinha.
O cabeça-de-frade, cacto pequeno e achatado que desenvolve uma espécie de coroa avermelhada no topo, era cozinhado para se tirar a “baguinha” de dentro e comer. Outra planta espinhenta usada pela família de Jovita era o xique-xique, que ela “ama até hoje”.
Feijão temperado com umbu, beiju de mandioca lavrada na pedra, bago do licurizeiro e mucunã, que precisa de 12 águas para tirar o veneno, também faziam parte do cardápio dos “antigos”.
A carne era de caça.
Outra receita dada por Jovita para se viver muito e não ter saudade do tempo que passou.
“Sem isso, quem é que vai viver hoje até os 90, 100 anos?”
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.