As oleiras da ilha

Não foi fácil chegar à oficina de cerâmica em que Dona Adilma divide o espaço de trabalho com outras moradoras do lugarejo. Primeiro, contratar o barco do alegre Seu Reginaldo. Depois, fazer o percurso pelo Rio São Francisco, do cais de Xique-Xique (BA) até a Ilha de Passagem. Leva-se uma hora e meia na pequena embarcação a motor, seguido de caminhada de um quilômetro e meio da margem do rio até a vila.

O povoado tem a configuração de uma aldeota perdida em meio a pequenas dunas. O barro, extraído da própria terra, serve tanto à fabricação de blocos (tijolos) para construção de casas quanto para a arte de cerâmica utilitária produzida pelas mulheres locais.

Toda a matéria prima empregada no fabrico e pintura das peças é encontrada na própria ilha, de modo que as oleiras não dependem de nenhum produto industrializado vindo de fora para assegurar seus rendimentos.

O ambiente é de uma alegria ruidosa conquanto as antigas canções de trabalho tenham sido substituídas pelo rádio de pilhas. As trabalhadoras conversam, discutem as notícias frescas dos programas radiofônicos e ensinam a qualquer outra mulher do lugar a arte que aprenderam com mães e avós. A filha de D. Adilma, que tem apenas oito anos e não estava lá no dia de nossa visita, já produz peças simples, mas de primorosa perfeição.

Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.

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