“O Pião entrou na roda, o pião!
O Pião entrou na roda, o pião!
Roda pião, bambeia pião!” Cantiga popular
O pião, conhecido como strombo na Grécia Antiga e turba em Roma, o brinquedo de madeira com formato de pera invertida foi trazido para o Brasil pelo colonizador português. Encontrado em todo o Brasil, apesar de seu uso diminuir a cada ano em função dos jogos eletrônicos, ainda faz a alegria de crianças e adultos, como pode comprovar em 2012 a médica e pesquisadora de cultura popular Helenita Monte de Hollanda, na ilha do Miradouro, em Xique-Xique (BA).
Os brinquedos antigos, ricos em significados e magias, foram criados em uma época em que a criatividade e a imaginação eram os principais recursos. O pião, por exemplo, foi usado inicialmente como instrumento de adivinhação, capaz de recriar o movimento do planeta e acontecimentos diversos. No Japão, a superfície do pião era pintada com ricos detalhes e tinha sulcos ao redor da circunferência para que fizessem uma espécie de assobio quando movimentados.
A existência do pião ocorreu por volta do ano 4000 A.C. Vestígios de objetos semelhantes feitos de argila foram encontrados na margem do rio Eufrates, na antiga Mesopotâmia. O exemplar mais antigo do mundo, teria sido feito em 1250 A.C, está exposto em um museu inglês.
Brinca-se envolvendo-o em um cordão e lançando-o no chão ao tempo que puxa o barbante produzindo um movimento de rodopio que será tanto mais prolongado quanto maior for a habilidade do brincante.
Uma das brincadeiras de pião se chama cela. Consiste em desenhar no chão ou riscar na areia (ou terra) um círculo. Os participantes movimentam o brinquedo ao puxar o cordel colocado ao seu redor. O pião que rodar mais tempo inicia o jogo, os demais vão para o círculo (ou cela).
Cada vez que o pião for arremessado e conseguir um dos piões da cela, o jogador tem o direito de bater com o prego da ponta do brinquedo no que foi atingido. O objetivo é quebrar o pião do adversário. Se o brinquedo de quem arremessou ficar na cela, outro jogador (o segundo que ficou mais tempo rodando antes do jogo começar) passa a ser o algoz dos demais e assim por diante.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.