“Farás para Aarão, teu irmão, vestimentas sagradas para esplendor e ornamento (…) um peitoral, um efod*, um manto, uma túnica bordada, um turbante e um cinto.” Assim Iaveh Deus se dirige a Moisés prescrevendo como deverão ser as vestimentas dos seus sacerdotes.
Aí temos uma das primeiras referências escritas a arte de bordar, mas sabemos que está na pré história a origem do ainda hoje popular ponto cruz, no tempo em que fios grossos de couro de animais ou finíssimo, desfiados dos seus intestinos, serviam à trama que traz, já em seus começos, o fim de ser arte.
O mister de bordar é endêmico em Ilha do Ferro, de onde o nosso canal se despede hoje com os desfiados e tramas de Dona Gilvânia, esposa do também artista Aberaldo, e uma das muitas apaixonadas pela arte no lugarejo.
Nesse distrito de não fácil acesso, o tipo de bordado mais popular é o “boa noite” que consiste em desfiar o tecido para então recompô-lo com novo formato em basicamente três tipos de tramas: simples, em flor e cheio.
(*) Veste do Sumo Sacerdote de Israel no estilo de túnica ou avental.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.