O agricultor aposentado Rui Oliveira acorda cedo para fazer caminhadas e leva sempre consigo o celular para fazer fotografias do distrito de Barreiros, em Riachão do Jacuípe (BA), onde mora. Desde que adotou a fotografia como hobby, ele produziu cerca de mil fotografias da localidade que ficou conhecida por realizar a festa anual de vaqueiros.
Com o propósito de mostrar outros aspectos do distrito, Delmira Nunes pautou o tema para o site Meus Sertões. Ao passar pela praia é possível ver os “milagres” que ocorrem no período de trovoadas (entre novembro e fevereiro) na região, onde o amanhecer é belo.
“Tudo isso mostra que o sertão não é só seca. Ele fica verde e é bonito quando chove” – diz Delmira.
O rio era perene até a construção da barragem de São José do Jacuípe, na década de 1980, e outras represas, o trecho que corta Barreiros diminui muito a quantidade de água. Abaixo de uma pequena represa, porém, ele seca.
“A situação muda na época das trovoadas. O rio fica com bastante água quando chove. Ele vira praia, opção de lazer e de pesca. O povo adora” – conta.
É preciso ressaltar que os moradores do distrito têm um vínculo grande com o rio. A população utiliza as águas nas indústrias de blocos cerâmicos, na irrigação de pequenas áreas agrícolas, para dar de beber ao rebanho, além de outras utilidades domésticas, como lavagem de carros e de roupas. Quando não existia água encanada em Barreiros o rio era muito mais utilizado: virava uma grande lavanderia a céu aberto e servia de local de banho especialmente para os homens que saiam do trabalho e iam fazer sua higiene no “Buraco do Raimundo”.
Outros costumes na época do rio cheio são colocar um caminhão de transporte de bois na ponte, subir nele e pular na água; e fazer piquenique debaixo das algarobas nas ilhotas formadas por bancadas de areia. A alegria do povo é tão grande que reflete nas redes sociais. Nesses dias, os moradores de Barreiros fazem como a estudante de nutrição Tauana Queiroz e a professora Solange Matos: postam muitas fotografias do rio no Instagram.
“A relação do sertanejo com a chuva e com a água é bem forte. Eu acho que é pela carência, quando tem, damos graças a Deus. Eu me lembro bem de quando era criança, via aquele monte de gente andando só para olhar o rio – diz uma moradora.
A “praia de Barreiros”, para quem não conhece, fica fundo da rua da localidade. Quando há grandes enchentes, a água chega perto das casas, mas até agora não causou estragos.
BELEZA NATURAL
Ao se transformar na principal opção de lazer no tempo de chuva,o rio também atrai modos pessoas que se divertem de forma polêmica, ouvindo música bem alta nos “paredões”. Essa ação afugenta adultos e crianças que preferem o sossego e a contemplação da natureza.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.
Respostas de 3
Concordamos contigo Margarete!
Que orgulho ter do meu pai
Merece mesmo!