Novo rezador

Trago hoje, como muita alegria, mais um jovem rezador, desta vez um potiguar, nascido e criado em Caiçara do Norte, hoje residente em Vila Flor. Pablison Castro tem atualmente 28 anos, mas é rezador desde os 12 anos.

Dona Carmem, 101 anos. Reprodução do Facebook
Dona Carmem, 101 anos. Reprodução do Facebook

Menino curioso e “astuto, diz ter herdado da avó Raimunda e da tia avó Carmem, ainda viva e com 101 anos, o ofício de como de rezar, nomeado e considerado por ele como arte! E é! Uma arte que promove a cura por encantar suscitando a fé do rezador em seu poder curativo.

Toda formação religiosa de Pablison é cristã católica com temperos populares que lhe conferem encanto e salientam a pureza. Vindo de comunidade litorânea onde os praieiros quase nunca podiam contar com a presença de padres, eram os cristãos leigos que, movidos pela fé, festejavam em comunidade os eventos religiosos e, muitas vezes, celebravam a Palavra.

Se Deus nomeia os seus eleitos, a avó do futuro rezador foi assim dada por Ele à comunidade para ali realizar uma maneira de ministério, divulgando o cristianismo e promovendo curas em nome de Deus pois se, padres pouco ou nunca chegavam ali, o que dizer de médicos? E assim, Dona Raimunda foi tomando para si um papel muito próprio e importante naquelas paragens, sendo sempre reconhecida e procurada pelos moradores do lugar.

O menino bebeu daquela fonte com avidez e, mudando-se para Vila Flor, já era um jovem seguro e preparado para assumir a sua vocação de curar e promover eventos religiosos com seus cantos de benditos piedosos que, em dois programas, ilustrará a nossa pesquisa e permitirá que o canal divulgue a sua história.

Pablison compõe a linha de frente de uma nova geração de rezadores que promete a continuidade de um viés da cultura religiosa que há até pouco tempo percebíamos em franca decadência. Neste vídeo, ele ensina as rezas para curar ramo (doença que provoca infecção nos olhos e ouvidos) e “cobreiro brabo, fogo selvagem e saltador”. No segundo caso, ele ressalta a necessidade de uso de folha de mamona, manuseada de diferentes formas enquanto profere a oração.

contra ramo e cobreiro brabo

Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.

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