De todos os artistas sobre os quais falei e falarei nesta nossa temporada sobre artes plásticas populares, Luiz Tananduba foi aquele que me produziu sensações antagônicas. “Fácil” de resumir – Tananduba é o poeta das cores e luzes. “Difícil” pela sofisticação não só artística, mas discursiva.
Não acadêmico, “raiz”, naïf. Sim. Isto mesmo. Mas de uma profundidade na compreensão intuitiva da arte espantosa!
Iniciou-se ao pé do pai adotivo e afetivo – o grande artista popular Alexandre Filho – que lhe concedeu como legado não uma influência propriamente plástica, mas a liberdade criativa!
Ah, e como o pequeno Luiz cresceu neste espaço soberbo em beleza do ateliê que era a sua casa e o seu meio, menino livre com pincéis, sem estribeiras criativas, organicamente detalhista, objetivo numa poesia que parece elevar-se autônoma em direção a arte plástica.
Pinta sem tempo – a descoberta da cor e da luz tem vida própria em sua paleta, em suas telas. Ele gesta as cores! Não as encontro em outro lugar! Chamaria de Cores Tananbuba.
Sim! Não existem simples vermelhos, amarelos, rosas e nem os verdes e azuis tão abundantes. São denominações comuns para um espectro cromático “inventado” por um Luiz profundamente lúcido.
Luz, Luiz, Lucidez, Lonjuras… O nome do menino é marca de destino! E conhecer-lhe a história e perceber a seta ascendente que lhe aponta o futuro grandioso foi dos presentes deste difícil ano de 2021 o maior.
Salve, Luiz Tananduba! Nome bem inventado – lugar onde as árvores são muitas e se elevam a grandes alturas. Presságio? Você criou o seu nome e nele plantou seu destino. Faça deste espaço a sua casa e desta estudiosa e entrevistadora uma amiga.
ARTE NAÏF
- Author Details
Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.