A festa de 100 anos do agricultor José Rodrigues, romeiro e homem de confiança do beato Pedro Batista, domingo passado, em Santa Brígida, foi marcada por muita emoção. Missa de ação de graças na igreja de São Pedro e um show, na Praça Madrinha Dodô foram as principais atrações do evento. Familiares, políticos, artistas e intelectuais prestigiaram o evento.
O advogado Antônio Martins, o professor e historiador Alcivandes Santana, o músico e radialista Izael Santana e a premiada fotógrafa e mestre em antropologia Sara Nacif estavam entre os presentes. As homenagens começaram às 9 horas na igreja e se estenderam na praça com show musical, grupos de danças regionais e banda de pífanos.
Durante a cerimônia, Sara leu um texto a partir de pesquisas feitas por ela e com informações sobre a vida de seu José, que constam no e-book “Seu Zé e suas histórias”, de autoria do jornalista Paulo Oliveira, e disponível no site www.meussertoes.com.br.
No texto, Sara Nacif conta que seu José Rodrigues começou na roça com oito anos – ele se manteve na ativa até recentemente. O agricultou casou com dona Olindrina, aos 22 anos, e teve oito filhos. Com o tempo, José ganhou a confiança do beato Pedro Batista e cuidou dele até “a viagem” do Padrinho, como o líder religioso também era conhecido.
A fotógrafa também revelou que até hoje, seu Zé doa grande parte da produção do feijão e o milho produzido em sua propriedade para o abrigo de idosos de Juazeiro do Norte, no Ceará, para onde partem, frequentemente, romarias que saem de Santa Brígida. A doação começou a ser feita a partir dos ensinamentos de Madrinha Dodô, herdeira espiritual de Pedro Batista, falecida em 1998.
Lúcido e com excelente memória, José Rodrigues foi entrevistado pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, autor do best-seller “A Guerra do Fim do Mundo”, sobre a Guerra de Canudos., e a antropóloga americana Patrícia Pessar. Seu Zé também hospedou o antropólogo Luiz Mott, assistente de campo de Eunice Durham, que fez pesquisas sobre a religiosidade de Santa Brígida.
“José Rodrigues sempre foi um romeiro muito ativo, Para Juazeiro do Norte, foi a pé inúmeras vezes. Hoje vai pagar penitência de ônibus como vão os romeiros e eu mesma, acreditem, presenciei há alguns anos atrás ele ir para Juazeiro sentado no corredor no ônibus em uma lata de banha. Sempre está em todas as atividades da romaria, sejam reza, penitencias, procissões e ainda participa da penitência do 70×7 em que se ajoelha muitas e muitas vezes enquanto reza o rosário da penitência” – contou Sara.
Amigo pessoal de seu Zé, o historiador e integrante da Academia de Letras de Paulo Afonso, exaltou a vitalidade do agricultor:
“Rogo a Deus para que todos os meus amigos e pessoas que amo cheguem aos 100 anos de vida com saúde e lucidez como a de José Rodrigues” – disse.
Emocionado, seu Zé agradeceu a todos que se envolveram no evento. Ele se emocionou, cantou e se divertiu muito durante toda a programação.
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(*) Texto feito a partir dos depoimentos de Alcivandes Santana e Sara Nacif
Fotos cedidas por Alcivandes Santana
Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.
