Abandono depois da morte

Paulo Oliveira –

Meus Sertões encontra sepultura de João abandonada, cheia de lixo e parcialmente quebrada. Prefeitura não cuida bem do cemitério

O cemitério São José, no morro com o mesmo nome, em Pedreiras, foi criado pelo comerciante Pedro Alexandrino. Por um desses mistérios que nunca serão explicados, Pedro foi a primeira pessoa a ser sepultada no local, no dia 4 de dezembro de 1901.

O fato de o cemitério ter sido inaugurado pelo proprietário criou o mito entre os prefeitos da região criou o mito de que os administradores não devem construir os campos santos porque estão sujeitos a inaugurá-los.

Único acesso para a sepultura de João é por cima dos túmulos. Foto: Paulo Oliveira

A história contada pelo professor e vice-presidente da Academia Pedreirense de Letras, Marcus Krause, tem tudo a ver com a cidade. Além de nunca ter inaugurado um cemitério, a atual prefeita Vanessa dos Prazeres Santos (União), 39 anos, não cuida direito do São José. O aspecto do cemitério é de abandono.

Falta de planejamento, há excesso de túmulos e inexiste espaço entre eles. Além disso, segundo moradores, o único funcionário que havia no cemitério foi demitido há tempos.

Sujeira retirada do jazigo do cantor. Foto: Paulo Oliveira

No dia 23 de setembro deste ano, 18 dias antes da comemoração do 92º aniversário de nascimento do cantor, a equipe de Meus Sertões teve que escalar sepulturas e passar por cima de pelo menos três delas para chegar ao jazigo de João. A falta de acesso é o motivo pelo qual Tereza Vale Parga, 96 anos, prima de João, deixou de ir ao cemitério.

As grades do sepulcro estavam abertas, havia muito lixo no local e parte das pedras pretas do túmulo estavam quebradas. Impactado com o abandono do local, guiado por um morador do Alto São José, perguntou se alguém podia ao menos retirar o lixo e limpar o local. Alexsandro, neto de um antigo coveiro, se prontificou a fazer o serviço por 100 reais, o que foi acertado.

Sepultura limpa após Meus Sertões pagar R$ 100.    Foto: Paulo Oliveira

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Legenda da foto principal: O túmulo de João do Vale estava sujo e com peças soltas e quebradas. Foto: Paulo Oliveira

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Leia a série completa

Teste seu conhecimento sobre João do Vale A cidade de Pedreiras e as pedradas de João Prima Tereza, a companhia perfeita A maldição do carcará A onça mora no pé do lajeiro

 

 

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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