Há pelo menos 17 anos, ONGs e entidades ambientais têm lutado pela criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça, área que abrange 862 mil hectares no Estado da Bahia e engloba os municípios de Campo Formoso, Juazeiro, Sento Sé, Sobradinho e Umburanas.
As desculpas para a não criação da área de preservação do bioma caatinga e animais em extinção costuma ser falta de verbas. No entanto, a versão mais plausível é a pressão contrária feita por mineradoras e empresas de energia eólica.
Enquanto o parque não sai do papel, 35% da área prevista foi degradada. Em 17 de fevereiro deste ano, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), do Ministério do Meio Ambiente, ainda discutiam em seminário a criação de áreas protegidas.
trabalho de formiguinha
Com a imobilização dos governos federal e estadual, algumas pessoas fazem o que é possível para preservar e divulgar as belezas naturais da região.
Uma delas é o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) de Campo Formoso, Juvaldino Nascimento. Com outros três companheiros (Adenílson Mulungu, Manoel Santos e Márcio Marques), eles realizaram seis expedições ao Tabuleiro da Gameleira do Dida, desde 2009, e tiraram mais de mil fotos de rochas ao redor do povoado.
Após rigorosa seleção, Juvanildo reuniu 74 fotografias e fez o álbum “Belezas Naturais do Tabuleiro da Gameleira do Dida”.
“Depois que mandei revelar as imagens, descobri que as fotos estavam sendo vendidas para turistas por quem devia ampliá-las” – diz.
Os fotógrafos tentam transformar o material em livro, mas ainda não encontraram interessados. Isto, porém, não desanima Juvaldino, que está preparando outro álbum de fotos. Desta vez de pinturas rupestres.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.