Batinga, localizada na cidade de Cedro de São João (SE), era a 13ª estação do trecho Aracaju-Propriá, onde se ligava com a linha que seguia para Recife (PE).
Inaugurada em 1915 como parte linha norte da Companhia Chemins de Fer Federaux du L’est Brésilien, (posteriormente Viação Férrea Federal Leste Brasileiro e Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima), a gare foi desativada em 15 de março de 1977.
Foi no povoado com o mesmo nome que Elizeu Barroso, 83 anos, nasceu e se criou. Ali, seus pais prosperaram atuando no ramo de entrega de encomendas. A infância dele foi feliz. Subia em árvores, colhia frutas e corria de um lado para o outro.
Deixou Batinga no trem que fazia parte da paisagem, aos 17 anos, levando consigo as profissões de ourives e relojoeiro, que aprendeu entre 12 aos 15 anos, e a habilidade de negociar, adquirida ao ajudar o irmão comerciante.
Antes de se aventurar no Paraná e em São Paulo, como comerciante e industrial, passou um período em Aracaju (SE) e Salvador (BA). No Sul, casou e teve dois filhos e quatro netos
Sessenta e quatro anos depois, Elizeu voltou para rever sua terra. Como uma Macondo real, ela tinha desaparecido. Os trens se foram em 1977, seguido pelas pessoas, casas, lojas comerciais, por tudo.
Sobraram apenas mato e ruínas.
Desolado, o desabafou:
“A região ficou deserta. Perdemos nossa identidade. É preciso recolocar Batinga no mapa de Sergipe para as futuras gerações conhecerem nossa história. A desativação da ferrovia foi um erro imperdoável”
GRAVAÇÃO
O retorno foi registrado em vídeo pelo suboficial da Marinha Luiz Britto, amigo do empresário. O militar propriaense guarda documentos e imagens da história da região.
No calor da emoção, a indignação é mais contundente:
“Batinga foi extinta pelo falso progresso. Esta região era próspera e produzia. Foi destruída por políticos demagogos. É lamentável o povo não ter consciência desse descaso. Enquanto em outros países as ferrovias avançaram, no Brasil elas acabaram” – disse.
Em seguida, uma reação surpreendente: o empresário, que hoje mora em São Caetano do Sul (SP), sobe em uma catingueira. Quer mostrar que o menino que existe dentro dele, ao contrário da Batinga, não morreu.
Veja o vídeo:
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Uma resposta
Olá Luiz. Adorei a matéria. Minha mãe nasceu na Batinga em 1927, hoje falecida, e lá morou até 1950 quando casou com meu pai indo morar em Propriá e lá tiverem 13 filhos. Estudei Museologia e adoro antiguidades. Gostaria muito de conversarmos sobre a possibilidade de localizarmos imagens daquela região.