A origem da figa ainda hoje é incerta, embora estudos encontrem a sua presença mais remota entre os etruscos. Este povo viveu na Etrúria, na península Itálica, na área equivalente à atual Toscana, por volta do século VII Antes de Cristo.
Inúmeros desses objetos foram encontrados nas ruínas de Pompéia.
Símbolo de fertilidade (o polegar entre os dedos indicador e médio sugerem a penetração peniana na genitália feminina) originalmente era usado por mulheres e crianças, servindo para afastar o “malefício da infertilidade”, considerada verdadeira maldição.
Com o passar do tempo, a figa foi “ganhando poderes”, passando a servir como objeto protetor (amuleto) contra qualquer infortúnio, principalmente contra mau olhado.
O português colonizador a trouxe para o Brasil e logo foi adotado pelas religiões de matrizes africanas como amuleto que “fecha o corpo”.
Em maio de 2014, ao ser interrogada em um ambulatório sobre o amuleto, a mãe do bebê de 26 dias (foto acima), uma jovem de 19 anos, explicou:
“A figa dourada mode decorar e figa verdadeira de pauzinho de arruda mode olho ruim.”
Este objeto também foi passado, no sertão paraibano, por ciganas para seus filhos, pois acreditavam ser capaz de evitar agressões físicas e espirituais, afastar feitiços e influências negativas.
Recomenda-se que seja levado junto ao corpo para servir como proteção. Quando uma figa se parte deve ser jogada fora, pois já cumpriu sua função. Se perdida, não deve ser procurada.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.