O mugido lamentoso e outras histórias

Matilde Rodrigues, 76 anos, proprietária da pousada Recanto das Rosas, em Santa Teresinha (BA) é uma exímia contadora de histórias assombrosas. A empresária jura ter testemunhado algumas delas e desfia o que está guardado em sua memória.

O estranho lamento

Matilde deixou de ser professora depois que foi chamada para trabalhar na campanha contra a febre aftosa, em Santa Teresinha. Certo dia, ao voltar para casa ouviu estranhos mugidos. Como estivesse escurecendo, acelerou o passou. Cabreira, passou a noite pensando no som que teria sido emitido por animais.

Resolveu voltar ao local onde escutou o lamentoso ruído. Procurou a dona da fazenda e perguntou se ela tinha algum boi ou vaca e se algum deles estaria doente. A proprietária das terras disse que não criava bovinos e quis saber o motivo do interesse de Matilde.

A fazendeira ficou lívida ao ouvir a ex-professora. Pediu para que ela mostrasse o local onde ouviu o estranho ruído. Depois explicou, que ali um homem foi morto dias antes.

ESPÍRITOS DE ESCRAVOS

Seu Romero Salles trabalhou no prédio onde hoje funcionam as secretarias municipais de Agricultura, Cultura e Infraestrutura. Ele contava, segundo dona Matilde, que costumava ver vultos e ouvir barulhos no antigo casarão à noite.

Consta que os antigos proprietários do imóvel costumavam jogar escravos em um poço existente nos fundos da casa para que eles morressem lá.

Até hoje, funcionários das secretarias juram que os espíritos das pessoas escravizadas perambulam no local, arrastando correntes e fazendo lamentações.

A MOÇA DE BRANCO

“Raio mata, mas eu tenho medo é de trovão”. Assim começa mais uma história assombrada.

Foi em uma noite de chuva e trovoada que dona Matilde viu uma moça toda vestida de branco passar por ela e desaparecer em seguida. Seu Ramiro disse era uma alma que queria companhia.

“ME DÁ FUMO, AÍ”

Dorvalina, também conhecida como Dorvá, era uma figura estranha. Muito magra, tinha a palidez de um defunto e cabelos ruivos. Passava os dias trancada em casa; saía à noite. Os pais usavam o nome dela para assustar as crianças e impedir que eles ficassem na rua até tarde.

Muitos casos tenebrosos eram atribuídos àquela mulher. Diziam que ela percorria quatro ou cinco municípios em noites enluaradas numa rapidez impressionante.

Há quem jure que ao voltar para casa, ela deixava um rasto de corpos de cães, gatos e outros animais, sem nenhuma gota de sangue.

Nas poucas vezes que ficava acordada pela manhã, encostava o rosto na portinhola e fazia o mesmo pedido, assustando a quem passasse.

“Me dá fumo, aí! ”.

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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