Maria Cicera da Silva Siqueira, a nossa Tita de Capela, antiga trabalhadora rural, é bem a flor do atelier do mestre João das Alagoas. A timidez que dificulta a entrevista é compensada pela visão das mãos ligeiras que nos permite uma apreciação plena da sua habilidade.
Levada para preparar o barro que seria moldado pela sua irmã Sil, escultora já consagrada internacionalmente, foi ao poucos que Tita começou a moldar as suas primeiras flores que adornam noivas e casais e guarnecer vasos.
O trabalho da jovem e promissora artista é pura delicadeza. Inspirada na mãe, jovem grávida em dia de casamento, as noivas de Tita são a marca registrada de seu trabalho. Assombra-se ainda com os elogios que caracterizam a sua obra como maravilhosa.
A arte hoje em dia é muito mais que o seu sustento – é satisfação e futuro. A timidez e a modesta não embotam a esperança de ter o seu trabalho visto pelo mundo, como já acontece a outros artistas do atelier.
Tita das Noivas, a mocinha que saiu das plantações de cana para o mundo das artes, certamente terá o seu nome bem inscrito pela posteridade.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.