Símbolos de poder e gesto de pura ostentação, as joias produzidas com elementos tipicamente afro-brasileiros e usadas por negras, escravizadas ou forras, marcaram, no Brasil, a ourivesaria e prataria nos séculos XVIII e XIX.
Elas apontavam para riquezas dos senhores que ostentavam exibindo as suas escravas fartamente ornadas com peças de beleza ímpar – trabalhos esmerados, ricos em detalhes, grandes e chamativos simbolizando poderio e abundância financeira.
As chamadas escravas de ganho que eram aquelas que saíam às ruas para mercar produtos dos seus senhores e senhoras exibiam-se em seus tabuleiros dando fama ao tanto que “a baiana tem” e que foi cantado no Brasil e no mundo.
Alforriadas, muitas delas levavam para a liberdade presentes de seus senhores, amásios ou gentis, enquanto as pobres esforçavam-se na aquisição de seus próprios penduricalhos e balangandãs ruidosos à maneira de chocalhos significando, agora, o seu próprio poder e afirmação social.
Na festa da Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira-BA, ainda pode-se ver e registrar o uso de tais joias.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.