O segundo capítulo da série sobre o agricultor José Rodrigues dos Santos, 97 anos, homem de confiança do beato Pedro Batista, é mais uma das muitas histórias que ele conta a partir do que aprendeu quando criança e do que vivenciou e ouviu de personagens importantes em sua vida. O caso, segundo o agricultor, ocorreu nos anos 1950, e segundo ele mostra como Deus opera para que cumpramos nossas missões. Vale lembrar que mantemos a forma de falar de seu Zé.
“Um americano, ele viu uma moça. Agora assim: em sonho, dormindo, né? Ele estava dormindo e viu chegar aquela moça. Ela vinha num barco. Hein? Ela abriu aquele barco para ir para fora, uma claridade maior do mundo. Agora ele não via luz em canto nenhum, aquela claridade era suposta. Não tinha luz. Hein? Só aquele claro ali dentro e ele olhava e não via nada. Aí quando ela se apresentava a ele, ele adormecia. Ele escutava o que ela falava, mas ele não tinha força de falar nada pra ela.
Sabe como ela chamava aqui a Terra, chamava o Paraíso Terrestre. Ela dizia pra ele coisas do mundo como ia. Dizia se os homens subesse viver nesse paraíso terrestre, o mundo ia ter outra vida. Mas como os homem não sabia viver, tava ser destruído pelas mãos deles mesmo.
Aí então ela falava aquelas passagens que tinha só em negócio de livros, de escrituras. Aí quando ela saía, ele despertava, mas não via nada. Quando amanhecia o dia, ele conversava, o povo dizia ôxente peraí, onde é que você soube disso. Ele falava aquelas coisas que tinha exatamente nas escrituras, mas que ouvia da boca da moça.
Quando foi um dia, ele estava num lugar, num hotel. Quando deu fé, aquela dita moça entrou. Ela entrou assim, passou. Ele olhou assim, conheceu. Ele fala pra ela: “Dona, eu lhe conheço”. Ela diz: “Nunca lhe vi”. E entra pra dentro. Foi a resposta que ela deu.
Ele esperou a volta dela para ter uma conversa, mas ela não voltou mais por ali não. Depois, ele fala pro dono do hotel: “Cadê uma moça que passou aqui agora”. O dono do hotel: “Uma moça?”. “Sim, passou uma moça aqui agora e eu queria falar com ela”. “Não, aqui não entrou essa moça”. “Passou, que eu tava aqui sentado, ela passou aqui onde eu tava”. Aí, o dono do hotel entrou, olhou por todo canto e não viu ninguém, né?
Quando é dias depois, ela torna apresentar a ele. Aí ela fala pra ele assim: “Ói, naquele dia não era possível confirmar sua palavra”.
Tá vendo. A pessoa encantada, invisível. Um via e outro não via.
Ele falava aquelas conversas, as palavras que ela declarava pra ela tinha justamente nas escrituras antigíssimas, do começo do mundo, né? Daquilo que existia. Era um negócio assim, como uma visão, né? Hein?
Existe coisa no mundo assim: o senhor está aqui. Às vez passa uma coisa aqui, eu vejo o senhor não vê. Outra hora o senhor vê e eu não vejo. Agora nós vamos discutir. Eu digo, “É mentira dele que eu estava lá e não vi, mas não é assim, meu amigo. Aquilo era pro senhor ver e eu não ver ou era pra eu ver e o senhor não ver. Entendeu que existe isso?
É umas coisas de Deus pra gente cumprir nossa missão na terra? – pergunta o ouvinte
É desse jeito mesmo.”
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.