O catolicismo popular se formou a partir de uma variação de crenças e práticas socialmente incorporadas como católicas. Inclui a devoção aos santos, às romarias, às novenas, procissões, bênçãos, festas de padroeiros e promessas. A explicação é do filósofo João Everton Cruz, doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG), no artigo “Hipóteses se interpretação do catolicismo popular com base na sociologia e na psicologia”, publicado no site Brasil Escola.
Muitas vezes, a prática, desenvolvida pelo povo que foi desprezado pela Igreja Oficial por muito tempo, foi definida pela expressão “muita reza, pouca missa; muito santo, pouco padre”. Reforça assim a ideia do contato das pessoas humildes diretamente com o sagrado, sem a participação da Igreja. Essa conexão inclui promessas, penitências e rezas.
Outra característica desse fenômeno é o culto aos mortos, realizado através do ritual do velório, onde são entoados benditos, preces e cânticos. Em suas pesquisas, a especialista em cultura popular e médica Helenita Monte de Hollanda se deparou com uma ladainha, versão popular para a oração “O sonho de Nossa Senhora”.
A invocação à Virgem Maria foi feita na cidade de João Costa, a 489 quilômetros de Teresina, capital do Piauí. A localidade, emancipada em 1995, tem 3.005 moradores , sendo que 2.202 (73%) vivem e trabalham na zona rural. Uma delas é a orante Maria Rita.
“Dona Maria puxa cantigas de esmola, benditos e incelenças, com a sua voz lastimosa e típica dos rezadores de um tempo que parece passado e nos surpreende pela vivacidade com que chega ao século XXI” – diz Helenita.
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.