Festa para São Justino em Riachão do Jacuípe

Entre a beatificação e a santificação do padre Justino Russolillo, fundador da Congregação Religiosa Sociedade das Divinas Vocações (Vocacionistas), foram 11 anos de espera. Em Riachão do Jacuípe (BA), uma das quatro paróquias da irmandade na Bahia e a maior do Brasil, o último domingo, dia 15 de maio, foi marcado pelo acompanhamento do evento no Vaticano, seguido da celebração de missa – clique aqui para assistir a cerimônia, procissão e carreata da Igreja Matriz até a capela do agora São Justino, no bairro Santa Mônica.

Antes de continuarmos com as comemorações em Riachão, vamos conhecer um pouco mais sobre Justino, o homem. Justino de Russolillo, filho de um pedreiro e de uma doméstica, nasceu no bairro Pianura, em Nápoles (Itália), no dia 18 de janeiro de 1891. Ainda muito novo, ele decidiu ser padre, mas teve dificuldades porque no início do século XX, custava caro entrar no seminário. Só quem tinha dinheiro conseguia acesso.

Consta que graças a uma rede de familiares e paroquianos de Pianura, Justino conseguiu iniciar o processo de formação sacerdotal e foi ordenado em 1913. A experiência vivenciada pelo religioso o motivou a criar uma congregação, voltada principalmente para jovens pobres, que assim como ele queriam ser padres.

Capela de São Justino. Reprodução

Aos poucos, construiu a Sociedade das Divinas Vocações, cujo carisma é difundir o conceito de santificação universal, procurando e cultivando as vocações para formação de leigos e leigas (povo fiel), consagrados e consagradas (institutos religiosos), padres e freiras (pastores)

Por desejo de Justino, o seminário deve ser gratuito no sentido financeiro e no sentido vocacional porque nenhum jovem entra para se tornar vocacionista, mas para descobrir sua predestinação. Segundo frei Danilo, cujos votos perpétuos estão previstos para 2023, a proposta pode ser resumida como buscar a santidade por meio da vocação.

Calcula-se que só no Brasil, onde está presente desde a década de 1950, a congregação tenha ajudado a cerca de 600 jovens, sendo que 35 tornaram-se religiosos vocacionistas. Muitos, de acordo com Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira[1], bispo da prelazia de Itacoatiara (AM), abraçaram uma profissão e atuam como leigos cristãos, alguns decidiram ser sacerdotes diocesanos e outros entraram em diferentes congregações religiosas.

A ordem de Justino foi criada em 1914, mas teve de ser paralisada por causa da 1ª Guerra Mundial. O vocacionário foi retomado seis anos depois. Por ter sido o percussor da pastoral vocacional da Igreja, o Papa Francisco também lhe concedeu o título de “Apóstolo das Vocações”. Em 1921, o padre italiano fundou o ramo feminino da congregação. Justino morreu em 2 de agosto de 1955.

No Brasil, os vocacionistas estão presentes na Bahia – Riachão do Jacuípe, Salvador, Vitória da Conquista e Itambé (ramo masculino) e Itaparica (ramo feminino) -, Rio de Janeiro e Sergipe. A princípio, os vocacionistas mantiveram colégios, mas decidiram deixar esta atividade no país para se dedicar às paróquias:

“É nelas que nos ligamos ao povo através de diversas pastorais, principalmente através da catequese e da pastoral da Juventude. Realizamos encontros vocacionais para jovens e pessoas até 45 anos. Os prédios que eram das escolas nós alugamos para colégios do estado ou do município” – diz irmão Danilo, que é formado em filosofia e administração de empresas.

Voltando à beatificação e a Riachão de Jacuípe. Os vocacionistas são responsáveis pela paróquia, o que inclui a Igreja Matriz e 10 setores e capelas que atendem 48 comunidades, sendo oito urbanas e 40 rurais. A santificação de Justino mobilizou os devotos, que acordaram bem cedo para assistir a cerimônia na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, às 5 horas – cinco horas a menos do que o horário do Vaticano.

Interior da igreja de São Justino. Reprodução

“Foi uma festa enorme. Muitas pessoas desenvolveram devoção por São Justino” – revela o frei. Ele lembra também que Dom Ionilton estave presente na cerimônia de santificação no Vaticano. Um bispo quando assume a função se desvincula da congregação que pertencia formalmente, mas espiritualmente permanece contactado.

As comemorações de domingo passado, se prolongarão por um ano. Em junho, relíquias de São Justino – a batina, estola e os sapatos – chegarão no sertão baiano. Elas serão levadas nas peregrinações programadas por 30 dias.

Além de diversas celebrações, em setembro será realizado o simpósio vocacional, em Salvador, e em outubro haverá um encontro das paróquias vocacionistas em Aparecida (SP).

—————————————————————————————————————————–

[1] As informações de Dom José Ionilton foram retiradas do artigo “São Justino Russolillo a serviço da Pastoral Vocacional”, publicado pela Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), em 5 de maio de 2022.

Esta pauta foi sugerida pela nossa seguidora Idelcina Oliveira, da comunidade Mucambo, em Riachão do Jacuípe

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

follow me
Compartilhe esta publicação:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sites parceiros
Destaques