A estudante cadeirante Geane Silva de Brito, 19 anos, foi assassinada a tiros e facadas no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, Bahia, militarizado na gestão do governador petista Rui Costa. Até abril deste ano, 86 escolas tinham adotado o sistema de militarização no estado. A vítima tinha outros problemas de saúde e assistia aulas com o apoio de uma cuidadora.
O assassino é um jovem de 14 anos, que usava roupa preta, capuz e óculos escuros e invadiu a escola portando um revólver, uma faca de caça, uma navalha e uma suposta bomba caseira. As primeiras informações dão conta que ele era matriculado, mas não comparecia com frequência ao colégio. A Polícia Civil investiga algumas publicações com fiscurso de ódio em redes sociais, atribuídas ao adolescente.
De acordo com a prefeitura de Barreiras, cidade cuja economia é centrada no agronegócios, o assassino pulou o muro da unidade escolar, atirou duas vezes na cadeirante e a agrediu a facadas. Outra versão dá conta que ele entrou pela porta da frente.
Nota oficial do governo municipal diz ainda que, segundo informações do Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), o autor foi atingido por quatro tiros ao tentar fugir. Aqui também há duas versões: os disparos teriam sido feito pela polícia ou por uma terceira pessoa não identificada. O matador da jovem foi levado para o Hospital do Oeste pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo plantonistas do hospital, ele está em estado grave. O nome do assassino não foi divulgado.
A Secretaria de Educação informou que está prestando apoio e assistência aos estudantes e familiares e se solidarizou com a família da vítima.
As escolas municipais da Bahia começaram a ser militarizadas pelo governador Rui Costa, seis meses antes dele concorrer à reeleição, em 2018. Barreiras aderiu ao programa no ano seguinte. Uma das justificativas apresentadas para o compartilhamento de gestão entre as secretarias municipais de educação e a Polícia Militar era garantir a segurança dos estudantes e de comunidades em áreas vulneráveis, segundo informou o então comandante da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão.
A medida eleitoreira de Rui, reeleito em primeiro turno, antes mesmo da implantação de escolas cívico-militares pelo presidente Jair Bolsonaro, recrutou policiais militares da reserva para cuidarem da parte disciplinar das escolas, criou disciplinas semelhantes à Moral e Cívica e ritos militarizados, que passaram a ser praticados pelos estudantes do Ensino Fundamental II.
Desde o processo de implantação de escolas públicas na Bahia e no Brasil, vários casos absurdos foram registrados.
Em São Sebastião do Passé (BA), aluna negra foi barrada porque seu cabelo não se adaptava ao modelo imposto por normas de apresentação implantadas pela PM. Há seis dias, foi noticiado que um militar do Exército é investigado por pelo menos duas denúncias de assédio sexual feitas por responsáveis de alunas de 11 e 15 anos, em uma escola cívico-militar em Florianópolis (SC) .
Em setembro de 2021, monitor de escola cívico-militar socou estudante e ameaçou matá-lo, no Paraná . Casos de agressões a alunos também ocorreram no Distrito Federal.
Para saber mais sobre a militarização das escolas na Bahia, leia a série de Meus Sertões.
(*) Atualizada às 18h34. Nova atualização às 20h08. Atualização às 12h13, do dia 27/09
–*–*–
Atirador de Barreiras anunciou intenção no Twitter
- Author Details
Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.