O adeus à dona Lita e aos seus bonecos

O site Meus Sertões publicou há seis anos e quatro dias a reportagem sobre Valerita Santana Aragão, a dona Lita de Rafael Jambeiro. Renomada fazedora de bonecos em tamanho natural. Desde pequena ela conciliou o trabalho na roça com o artesanato. Começou com presépios para em feitar igrejas e praças. Por mais de sete décadas decidiu criar pessoas de pano, com enchimento de folhagens braços e pernas sustentadas com pedaços de pau. Seus bonecos e bonecas ganharam fama na região. Dos muitos que fez, gostava mais da Maria Chiquinha, encomendado pela prefeitura para celebrar do Dia do Idoso. Outra predileção era o cavalo e o vaqueiro, que costumava expor em áreas púbicas e colégios.

Esta segunda-feira, Valerita, 88 anos completados em 12 de agosto passado, nos deixou. Ela morreu em Feira de Santana, onde se tratava de problemas na vesícula. O radialista Eddy Santana, autor do livro “Rafael Jambeiro: sua história e seu povo”, disse que a bonequeira será homenageada com o prêmio Mestre dos Saberes.

Eddy também fez questão de dar um depoimento sobre a amiga, que deixa o marido, Moisés Coni, 11 filhos biológicos e adotivos e dezenas de netos e bisnetos:

“Valerita foi uma grande mulher. Eu tinha amizade com ela, com seu Moisés e os filhos deles desde a infância. Eu me recordo das muitas vezes que fomos buscar plantas e barros na natureza, além de restos de tecidos nas fábricas para ela fazer presépios e artesanato” – disse.

O radialista contou ainda que a amiga enveredou pela política na época da redemocratização do Brasil. Fundadora do diretório local do PMDB de Ulysses Guimarães, Waldir Pires, Nestor Duarte, Armando Nascimento, em meados da década de 1980, disputou o cargo de vereadora no recém criado município de Rafael Jambeiro.

“Ela conseguiu trazer para cá, com o apoio político, o posto avançado de saúde (hoje, Hospital Dr. Rafael Jambeiro) e um posto do INSS (na época, Funrural) no qual tive a honra de conseguir o meu primeiro emprego, juntamente com Auto Capinan Macedo e a esposa dela, dona Almerinda, que foram amigos e companheiros de Lita de Moisés em sua jornada política desde os tempos do Distrito de Paratiji, pertencente ao município de Castro Alves.” – acrescentou.

Valerita será sepultada nesta terça-feira, dia 5 de setembro, às 9 horas da manhã, no Cemitério Jardim da Saudade, em Rafael Jambeiro.

Para ler mais sobre dona Lita clique aqui 

Lita e Maria Chiquinha. Foto: Paulo Oliveira

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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