O Dia dos Santos Reis é uma data muito importante para a religião católica. Ele é celebrado 12 dias após o nascimento de Jesus Cristo. A data marca a chegada dos reis magos, que foram do oriente até Belém para saudar o nascimento do rei dos Judeus. O episódio está registrado na Bíblia, mais precisamente no Evangelho de Mateus (capítulo 2, versículos 1 a 12).
A comemoração em homenagem a Jesus foi trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses. E se tornou parte da cultura brasileira, sendo preservada em diversas partes do país, com destaque nos rincões sertanejos.
No interior da Bahia, por exemplo, a tradição está vinculada aos Ternos de Reis, na qual grupos de músicos se apresentam nas cidades e povoados, cantando músicas referentes à história bíblica. Em troca são recebidos nas casas dos moradores, que lhe oferecem comida, bebida e alguns presente. Pode ser um balde cheio de maxixe, um pequeno bode ou dinheiro.
A celebração também marca o fim das comemorações de fim de ano. Apesar de ser uma data importante para os católicos, o Dia de Reis deixou de ser feriado em 1967. Só em Natal, capital do Rio Grande do Norte, todas as atividades são suspensas em homenagem aos Santos Reis, copadroeiros do município.
Desde 2016, Meus Sertões acompanha festas de reis (reisados). Um dos melhores do estado é o festival de Boa Nova (BA), que este ano ocorre entre os dias 13 e 14 de janeiro. Para ter uma ideia da beleza do espetáculo, clique aqui .
Outras três reportagens, que valem a pena ler de novo, são sobre o Terno de Reis Peregrino, que vai de Ribeirão do Largo a Encruzilhada (BA), se apresentando de casa em casa; o Terno de Reis Netos de Guena, da zona rural de Vitória da Conquista (BA); e o Reisado de São Vicente, em Tiquaruçu, um dos oito distritos de Feira de Santana (BA).
TRADIÇÕES EM OUTROS PAÍSES
Na Itália, há uma lenda na qual os Reis Magos se perderam durante a viagem a Belém para conhecer o Menino Jesus e presenteá-lo. Uma senhora idosa os ajudou a encontrar o caminho, mas não quis acompanhá-los. Depois, a senhorinha se sentiu culpada e decidiu levar um presente para Jesus, mas não encontrou nem os reis, nem a manjedoura. Então, ela passou a distribuir os doces que levava para as crianças em todas as casas que passava. Desta forma, surge a tradição da Befana, uma bruxa boazinha que distribui as guloseimas para quem se comporta direito na noite que antecede o Dia de Reis.
Em Portugal, existe o tradicional bolo-rei ou bolo de reis. Em forma de coroa, ele alude aos Reis Magos. Servidos no Natal, Ano Novo, Dia da Paz (1º de janeiro) e na Epifania do Senhor (também chamada de Dia de Reis), ele é feito de massa branca, enriquecida com licores, passas, frutos secos e frutas cristalizadas. Quem ficasse com a fatia onde estava uma fava e um brinde de metal teria boa sorte. Para compensar, no ano seguinte, seria o responsável pela feitura do bolo.
A origem do bolo de reis são os festejos romanos de Saturnália, festival romano em homenagem ao deus Saturno, realizado no dia 17 de dezembro. Nessa época, havia o hábito de eleger o “rei da festa” durante os banquetes comemorativos. O monarca era quem encontrasse uma fava seca (símbolo da fecundidade) em seu pedaço de bolo. A Igreja Católica se apropriou do costume e o relacionou com o Natal e o Dia de Reis.
No decorrer do tempo, os brindes que acompanhavam as favas foram uma porcelana em forma de uma das figuras do presépio, moedas de outro e pequeno objeto de plástico.
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Legenda da foto principal: Reisado de São Vicente, em Tiquaruçu, distrito de Feira de Santana, atrai centenas de pessoas. Foto: Sílvio Tito.
Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.
