Ex-aluno da unidade desativada sente falta das aulas de percussão e de dança
Ruan Santos da Silva (foto no alto), o Pretinho, 23 anos, diz que entrou para a escola Malê Debalê aos 10 anos, mas os funcionários da escola desativada afirmam que foi com sete. Quando lembra da infância, ele diz que gostaria voltar do tempo para participar das aulas de dança e percussão, as que mais gostava.
O jovem costuma ser encontrado nas imediações do bloco afro que já foi escola. É lá que vão chama-lo quando precisam de alguém para fazer serviços gerais, inclusive para a própria agremiação que contribuiu para os estudos dele.
“Aqui aprendi sobre Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela. Também me ensinaram que todos nós somos iguais, independente de qualquer coisa” – diz, radiante.
Ruan conta que sua mulher está esperando um filho, mas ainda não pensou como serão os estudos dele. Fala da creche que hoje funciona diante da sede do bloco.
“O Malê tem tudo, inclusive festas para curtirmos” – acrescenta.
Para o trabalhador braçal, as professoras preferidas foram Andréa, do 4 ano, e Lidiane. Ele lembra que a escola tinha funcionava em tempo integral, sendo que no contraturno tinha aulas de informática e reforço de português e matemática.
O rapaz diz ainda que se amarrava quando ia fazer apresentação em shoppings (TV Kids) e em outros colégios. A iniciativa ocorria em função de parcerias criadas pela ex-diretora Rosyvone Gomes.
Além dele, os irmãos Luan e Lucas estudaram na escola. Um assumiu o ponto de acarajé da mãe.
Segundo a auxiliar administrativa Adelma, Ruan era um “pestinha”:
“Ele gostava muito de percussão. Quando perturbava na sala, a professora dizia que ele não ia para a percussão. Então, ficava quietinho” – revela.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.