Brasileira revolucionou teoria de ocupação humana nas Américas e fez a Serra da Capivara (PI) ganhar fama internacional
A arqueóloga Niède Guidon morreu na madrugada desta quarta feira (4/6), aos 92 anos, em São Raimundo Nonato, no Piauí. Niède era considerada a mais importante pesquisadora dessa área no Brasil. Ela dedicou cinco décadas ao estudo da região da Serra da Capivara, onde formulou teorias revolucionárias sobre o povoamento humano nas Américas.
A morte foi confirmada pela diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara, Marian Rodrigues. A causa do falecimento ainda não foi divulgada.
“Partiu como um passarinho, tranquila – disse
Estudos de Niéde revelaram que a chegada dos humanos pode ter ocorrido há cerca de 50 mil anos, bem antes do que estabeleciam estudos de arqueólogos norte-americanos. Os achados de Niéde provocaram discussões intensas e puseram o Brasil no centro dos debates sobre a pré-história no continente americano.
Niéde fundou o Museu do Homem Americano e foi a grande responsável por transformar a região da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, em um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo. Foi bastante influente na preservação do patrimônio cultural e natural do Brasil.

O velório da arqueóloga está previsto para ocorrer no Museu. O corpo de Niéde será sepultado no jardim de sua residência, atendendo o desejo dela.
Nascida em Jaú (SP), filha de pai francês e mãe brasileira, Niéde Guidon se formou em história natural, na Universidade de São Paulo (USP). Em 1975, estudou arqueologia e fez doutorado na Sorbonne. A brasileira, destemida e polêmica.
Ela pesquisou e tornou famosa as pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara, que possui 135 mil hectares, nos municípios de Canto do Buriti, coronel José Dias, São José do Piauí e São Raimundo Nonato. Nele, estão catalogados 1.354 sítios arqueológicos, sendo 183 abertos à visitação turística.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, decretou luto oficial de três dias no estado.
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Foto principal: Niède Guidon. Crédito: Reprodução da revista da Fapesp
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Para saber mais sobre a trajetória da antropóloga, ouça o podcast “Os caminhos de Niède Guidon – https://open.spotify.com/show/2qNbBmnm4gAKgw15vC3gv4?si=ThUI1jv7T12cwcTI0fzZjQ
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Jornalista, editor, professor e consultor, 60 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.