“Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz”
Hoje é dia de São Francisco de Assis (1182-1226), o religioso italiano que fundou a Ordem dos Franciscanos. Filho de um rico comerciante de tecidos da cidade de Assis, Francisco renunciou aos seus bens e passou a se dedicar a Deus e aos pobres. Em 1224, deixou a direção da irmandade que criou para viver em contato com a natureza. Consta que, em sua presença, os peixes saltavam da água e os pássaros pousavam em seus ombros.
A presença do santo padroeiro dos animais e da ecologia é marcante em muitas cidades instaladas às margens de seu curso. Uma delas, a velha Barra, cuja história começou a partir de um curral da Casa da Torre instalado na junção dos rios Grande e Francisco, em 1670. Encontramos no município belas esculturas em homenagem ao santo.
As maiores são as de bronze – “São Francisco falando às aves” -, do magistrado e escultor Deocleciano Martins de Oliveira – à beira do rio, e a de concreto, na entrada do sítio onde funcionam o terreiro Pai Xangô das Cachoeiras, a residência e o ateliê do escultor e babalorixá José Geraldo Machado da Silva, o Gerard. Há outras bem menores de barro ou madeira, mas não menos belas, na prefeitura e na sede da diocese.
Que São Francisco fortaleça a todos que lutam para salvar o rio, cujo traçado original percorria 2.830 quilômetros e 521 municípios de cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe). Com a faraônica obra de transposição, suas águas foram desviadas para mais três unidades federativas (Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). As mazelas, porém, permaneceram.
Os danos ambientais causados pela falta de infraestrutura de saneamento, instalação de hidrelétricas, derramamento de agrotóxicos que irrigam o agronegócio, supressão das matas ciliares, poluição e dreno da maior parte da água por parte de mineradoras e empresas de energia, dentre outras causas, puseram o rio em agonia. Façamos uma prece ao carismático santo para que ele nos ajude a impedir a concretização de uma morte mais do que anunciada.
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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.
Respostas de 2
Parabéns pela abordagem sutil de que os espíritos iluminados não são babás extrafísicas a satisfazer os nossos desejos, mas forças poderosas a nos orientar e encorajar a realização do que nos cabe. Consciência do nosso dever: “para que ele NOS AJUDE A IMPEDIR a concretização…”
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Equipe Meus Sertões