Quando morre um santo o luto em nosso coração é de um pesar doce e calmo e não há tristeza que não se desfaça em uma maneira de contemplação admirada da própria santidade.
Assim ficamos ao receber nesse início de novembro a notícia da morte de Seu Pedro Santinho lá no Cansanção, nos meandros dos Olhos D’água onde ele pontificou sendo Serviço a serviço da familia e da comunidade.
Rezador afamado alegrava-se ao contar, contrito e modesto, como salvou pessoas e bichos, como apagou fogos e afastou cobras, como dormia tranquilo colocando-se manso no coração de um Jesus que para ele era a um só tempo irmão e senhor.
Quando o conheci há cinco anos fiquei completamente tomada de amor e admiração pela sua pureza. Há um mês retornei a Tucano para um reencontro que foi de intensa alegria mútua.
E agora tomo conhecimento do seu fim aos 92 anos.
Pedro Santinho – um nome, um destino… Em nenhuma melhor pedra se poderia edificar uma crença; em nenhuma melhor forma de Santidade se poderia edificar uma devoção.
Herdeira do seu amor, de algumas confidências e das suas rezas que colecionei cuidadosa não só neste coração devocionado mas em longas horas de gravações, comprometo-me tornar documentário todo esse acervo para homenagear a vida e perpetuar o poder de fazer curas pela fé do homem que merece como poucos a honra dos altares.
Despeço-me dele aqui, grata e comovida.
Que a terra lhe seja leve.
Helenita Monte de Hollanda
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.