SOTAQUE DE UM POVO NAS BARRANCAS DO VELHO CHICO
Pelas barrancas do Velho Chico,
Descalça vai para fonte,
Leva pureza,
Morena pelo Horizonte:
Dispensa chinelo rasteiro,
Vestido estampado,
andar ligeiro;
Nádegas frondosas,
Cabelos encaracolados
Da moça formosa.
O rio acalma,
Quando pisa na areia,
Cabelos longos,
Olhar de sereia;
Sem lenço à garganta,
Tão linda que a água encanta,
Sobre ela graça tanta;
Lábios longos cor de rosa,
Cintura fina
Da moça formosa.
Pisa na água,
Embarca, vai s’embora,
Mareta o rio…
Beiradeira sem demora.
Nos olhos ternura,
Lábios largos cor de rosa,
Ingênua, madura,
Vai formosa e não segura.
Da moça formosa
Sobra formosura.
- Author Details
Arilson Borges da Costa ,nasceu em 22 de fevereiro de 1970, em Xique-Xique – BA. Filho de sorveteiro e neto de pescador, é professor. Estudou contabilidade na escola pública de Xique-Xique, Bahia, porém em 2008 abandonou a área de exatas e passou a estudar letras vernáculas, na Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Ao longo de sua vida acompanhou pescadores às margens do rio São Francisco, no intuito de entender o sotaque do povo ribeirinho, por isso migrou seu trabalho para escrita de contos e causos do povo.