Não é de hoje que as encruzilhadas são tidas como sítios especiais para as gentes. Ponto de propiciação para algumas religiões, é também lugar onde se celebra acordos e se firma compromissos.
Para alguns é ponto de encontro com o diabo, para outros é ponto certo para se deixar oferendas aquele que abre os caminhos, como Exu, no candomblé; como um dia a Hécate pelos gregos, sempre associada a lua, a magia e a bruxarias.
Não só os caminhos em cruz, mas os encontros em X ou em T trazem os seus significados e servem a demandas diversas. Lugar em que se pode mudar sentido e direção é sempre significativo e sugere tempo e lugar de decisões.
Histórias contadas pelo sertão e pelo Brasil afora situam nas encruzilhadas aparecimento de fantasmas, e não vai longe o tempo em que nelas se enterravam os pagãos, indignos do solo sagrado dos cemitérios.
Foi num desses cruzamentos que, na zona rural do Mississipi, Robert Johnson americano famoso guitarrista e compositor de blues “comprou” ao diabo o seu talento ao preço de sua alma. À meia noite, claro!
Rezas fortes também têm seu lugar em caminhos que se atravessam e ganham poder quando ali pronunciadas.
Está no livro de Ezequiel: “com efeito, o rei da Babilônia se deteve na encruzilhada, no começo dos dois caminhos, a fim de recorrer à sorte.” Estava lá o rei seguindo a palavra de Iahweh Deus!
Mitos, lendas, superstições e religiosidade são servos do tempo que tudo modifica e ressignifica, degringolando significados, debulhando verdades, revelando História!
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Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.