A carta dos romeiros da Terra e das Águas

A homenagem ao frei franciscano Luciano Bernardi, da Comissão Pastoral da Terra – Bahia; a leitura dos comprometimentos assumidos pelos plenarinhos Terra e Território, Fé e Política, Rio São Francisco e outras bacias, Juventudes e Crianças; e a divulgação da Carta da 45ª Romaria da Terra e das Águas marcaram a Missa da Ressurreição e dos Compromissos e Envio. A celebração, presidida pelo bispo de Bom Jesus da Lapa, dom João Santos Cardoso, encerrou o evento, neste domingo (3/7).

Carlos José e Regina Micaré, pais de Maicon Pataxó. Foto: Thomas Bauer/CPT-BA/H3000

No início da cerimônia, representantes das plenárias acenderam as velas coloridas, referentes a cada um dos temas. Regina Micaré e Carlos José, pais do jovem indígena Maicon Pataxó, morto por negligência do sistema de saúde, foram os responsáveis pelo grupo Terra e Território. Participantes da romaria pela primeira vez, eles disseram que o evento lhes deu esperança de poder fazer com que a violência cesse e os povos originários sejam mais respeitados.

“Vamos levar grandes experiências daqui não só para a nossa aldeia, mas para os demais territórios” – disse Carlos, liderança indígena, em Prado, no sul da Bahia.

Frei Luciano ao lado de indígena do povo Pataxó. Foto: Thomas Bauer/CPT-BA/H3000

Frei Luciano foi homenageado por ter completado 50 anos de sacerdócio. Nascido na Itália, ele veio para o Brasil em 1975 para trabalhar em Guaraniaçu, no Paraná. Oito anos depois foi transferido para a diocese baiana de Rui Barbosa. De lá para cá, participou de 40 romarias, sendo em uma delas percorreu a pé os 516 quilômetros que separam Itaberaba e Bom Jesus da Lapa. A síntese de seu trabalho é expressada pelo verso “É missão de todos nós, Deus nos chama eu quero ouvir a sua voz”.

A seguir, foram lidos os compromissos das plenárias, que incluem a luta e resistência por terra e territórios; a transformação social e a denúncia de tudo que destrói a vida; a busca pelos direitos da natureza, das águas e dos rios; a retomada das atividades e o fortalecimento das juventudes empobrecidas; e o compartilhamento do amor às crianças e à natureza.

A leitura da Carta da 45ª Romaria da Terra e das Águas, na qual os romeiros celebram a vida, repudiam “esse projeto de morte, destruição e de profunda exploração contra os marginalizados” e renovam a esperança de liberdade e de fortalecimento da casa comum.

Leia a Carta da 45ª Romaria da Terra e das Águas

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A cobertura da romaria foi feita em parceria com a CPT-BA.

 

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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